Você já pensou no que pretende fazer ao chegar aos 70 anos? Descansar, viajar, fazer parte de um grupo, aprender um idioma? Josefa Dias, do alto de suas sete décadas, decidiu encarar o desafio de dar continuidade a sua formação pedagógica. Ela se matriculou na pós-graduação da Aupex/Uniasselvi em Neuropsicopedagogia. “Dona Josefa”, como é conhecida, justifica sua escolha em não parar de estudar: “Quero abrir minha própria creche”, revela.
Essa não é a primeira vez em que ela vem para a Aupex/ Uniasselvi buscar qualificação. Além de graduada em Licenciatura em Pedagogia, Dona Josefa também já cursou a Pós em Educação Infantil, Anos Iniciais e Psicopedagogia há quatro anos.
Embora já seja aposentada desde os 60 anos de idade, em 2018, Dona Josefa voltou a atuar em sala de aula como ACT (admitido em caráter temporário), na função de auxiliar em educação especial. A experiência foi tão positiva que, além de ajudar na renda familiar, a pedagoga pretende repeti-la neste ano. “Quero ajudar alunos com deficiência que precisam de suporte para o ensino. Também desejo oferecer a inclusão em minha creche”, adianta.
O que vem dificultando o sonho da professora em montar um espaço que se preocupe com o bem-estar físico das crianças, segundo ela, é a quantidade insuficiente de recursos e, consequentemente, a documentação necessária. Ela vê numa creche também a oportunidade de continuar ativa como pedagoga e como cuidadora de crianças.
"Minha vontade em trabalhar sempre foi grande. Vejo que as pessoas tem preconceito em empregar idosos. Com minha própria creche, eu não precisaria enfrentar essa dificuldade”, destaca. A professora complementa: "Minha vida sempre foi dura como a de muita gente, mas sempre consegui muitas coisas com trabalho e amor".
E amor não falta na vida de Dona Josefa. Além dos seis filhos biológicos, ela tem mais cinco filhos adotivos. Os 11 filhos tem idades entre 23 a 40 anos mas ela não sabe dizer a quantidade de netos nem suas respectivas idades . "Sei que tenho quatro bisnetos. A família é grande", brinca. A pedagoga é viúva do segundo casamento. O primeiro matrimônio durou 15 anos.
Há seis anos, a professora enfrentou uma das maiores dificuldades da vida: um acidente de trânsito grave. Ao ser atropelada por uma moto, passou por uma cirurgia na região do joelho e ficou durante mais de um ano se locomovendo em cadeira de rodas. Foram diversos exames, consultas e fisioterapia, e a mudança para a casa de um dos filhos. "Saí de minha casa nesse período porque minha casa não era acessível, tem escadas e eu não podia fazer nada sozinha. Foi um período difícil, mas a gente supera", confirma.
Ela também venceu um câncer de mama aos 38 anos, quando os filhos ainda eram crianças. Atualmente, ela também ajuda o filho caçula no atendimento da oficina de motos da família, mas sempre sente falta da dinâmica escolar. “Por isso, procurei a pós para me atualizar na profissão. Tenho que estar preparada para o que vier e conhecimento nunca é demais”, reflete.