Aluna, mãe de criança autista, lidera movimento sobre a conscientização do transtorno
O semáforo da avenida Beira Rio, próximo ao SESC, vai ser o local de divulgação e conscientização sobre o autismo no próximo sábado, 6/4, a partir das 10 horas. A ação será realizada pelas acadêmicas de Pedagogia da Aupex/Uniasselvi – turma PED 1356, em alusão a data de 2 de abril, Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A acadêmica Taís Prado, mãe uma criança autista com dez anos, de nome Rafael, explica como acontecerá a atividade: “Haverá a exposição de um banner reflexivo e, também, será distribuído panfletos com informações dos sintomas do Transtorno do Espectro Autista (TEA)”. O material gráfico informativo, feito pelas alunas da turma da tutora doutora Cristina Carvalho Tomasi, será entregue para os condutores e pedestres que circularem pela via.
“O autismo ainda é um transtorno, em geral, desconhecido. Quanto mais divulgado, mais informadas as pessoas ficam a respeito de seus sintomas, do diagnóstico, do tratamento e do respeito que os autistas, com suas necessidades, e seus familiares merecem”, aponta Tais. Ela revela que escolheu Pedagogia para ajudar na educação do filho, e, também, por acreditar na transformação social que a área proporciona. “A educação tem esse poder de informar e modificar as pessoas”, reforça.
Taís descobriu o autismo de Rafael aos dois anos de idade. Como ele recebeu atendimento interdisciplinar desde essa época – momento considerado ideal para iniciar a intervenção – hoje, apresenta sinais do TEA quase imperceptíveis. “O autismo tem muitos sintomas, e cada autista é diferente do outro. Meu filho foi diagnosticado com a Síndrome de Asperger, um grau mais leve. O tratamento fez toda a diferença”, explica a mãe. Hoje, a nomenclatura de Síndrome de Asperger está deixando de ser usada e passou a ser englobada no Transtorno do Espectro Autista (TEA).
A aluna alerta para que os pais procurem um especialista quando notarem que a criança apresenta um comportamento diferente. “Meu filho não mantinha contato visual e o desenvolvimento da linguagem estava atrasado. Meus familiares não acreditavam que ele tivesse algo, mas fui persistente. Os três neurologistas que fomos, na época, deram diagnósticos parecidos. Ele tinha autismo! Mas iniciamos o tratamento e hoje vemos bons resultados”, resume.
Hoje, Rafael não necessita de auxiliar de educação especial dentro da sala de aula, além de ter perdido muitas estereotipias, conforme a mãe. “Desde a descoberta do autismo, eu passei a me dedicar inteiramente ao Rafael, e escolhi abandonar minha carreira profissional. Ajudo-o diariamente com os deveres que ele traz da escola e estimulo-o com atividades lúdicas. A natação, a dança e a música, foram atividades que transformaram o comportamento e a interação dele, e fizeram muita diferença em seu desenvolvimento. Explorar o lúdico é uma boa ferramenta para autistas”, enfatiza. A criança faz acompanhamento com psiquiatra e com psicólogo, atualmente.
Taís está concluindo a faculdade de Pedagogia e já iniciou a Pós-graduação em Neuropsicopedagogia pela Aupex/Uniasselvi. A escolha do curso é para aperfeiçoar sua formação e ter qualificação para atuar com crianças com transtorno como o autismo ou com outras deficiências. “Sou a mãe, professora e vou me tornar a neuropedagoga do meu filho”, reflete.
Entenda o autismo
O Autismo é um transtorno que afeta o neurodesenvolvimento da criança, ou seja, afeta as áreas da comunicação, socialização e a capacidade mental da imaginação, associados a movimentos estereotipados e distúrbios sensoriais. Autistas tem dificuldade para firmar relações sociais ou afetivas e dão mostras de viver em um mundo isolado.
O desconhecimento das características do TEA em geral atrasa o diagnóstico, que é feito, geralmente, através de investigação de um médico pediatra ou neurologista, junto ao trabalho de observação de comportamento por meio de uma equipe multiprofissional de saúde. Importante frisar que somente o médico pode realmente diagnosticar o autismo.
Os sintomas do transtorno costumam estar presentes antes dos três anos de idade, sendo possível sua confirmação já por volta dos 18 meses. O autismo é classificado em três graus atualmente: leve, moderado e severo.
Muitos autistas que fazem o tratamento interdisciplinar desde os primeiros anos da infância podem alcançar autonomia e levar um vida independente, constituindo família e frequentando o nível superior, por exemplo.
O autismo atinge 1 a cada 60 pessoas no mundo.
Muitos autistas apresentam hipersensibilidade na pele, na audição, na visão, levando a crises de choro ou de autoagressão.Também é comum, autistas andarem constantemente na ponta dos pés.
Autistas tem dificuldade de olhar para as pessoas com quem conversam ou costumam não olhar para as pessoas quem os chamam.
Normalmente, autistas tem comportamento restritivo e repetitivo e costumam ter o comprometimento da compreensão. Em outros casos, o paciente com autismo tem domínio da linguagem, inteligência normal ou até superior com menor dificuldade de interação social.
Taís e o filho Rafael, há alguns anos, na praia.